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Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar como eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade; [...] (FERNANDO PESSOA)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Uma vida de incertezas

Há quem diga que para se alcançar algo não se pode viver de incertezas ou de dúvidas, mas em que mundo essas pessoas vivem que não haja insegurança nas decisões, que não se pense horas antes de dormir para se ter exatidão de que a escolha certa será tomada? E se as incertezas não existissem não haveria opções certas e erradas, seriam ou apenas certas (quem dera-nos), ou apenas erradas. E então não conheceríamos o frio na barriga, a persistência no pensar, a dúvida que cessa quando tudo dá errado ou quando tudo dá certo (aí é melhor), viveríamos como robôs agindo automaticamente, tendo sempre as mesmas reações e vivendo uma vida sem graça. Se não houvesse esse “mal que vem para o bem” nunca pensaríamos em desistir e as coisas seriam mais fáceis. Não sentiríamos a tão terrível ansiedade que nos dá náuseas como se estivéssemos embarcados e sem nenhuma terra à vista. Não teríamos a sensação de se estar flutuando e incapaz de alcançar o chão. Não nos surpreenderíamos com escolhas inusitadas, tudo seria igual, tudo seria clichê, palavras vazias, sentimentos vazios, sempre à espera do esperado. Por isso eu, mesmo que sofra com toda ansiedade e indecisão, prefiro esperar o inesperado, ver no que vai dar, me surpreender, talvez chorar, mas talvez sorrir!

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