[...]

Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar como eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade; [...] (FERNANDO PESSOA)

sábado, 16 de outubro de 2010

Tudo parece um sonho

Hoje o dia tem seu jeito, sua cara, seu cheiro. Ele veio me lembrar o seu sorriso e os seus sambas desenterrados.
Parece que a qualquer hora que eu pintar na porta da sala te verei na churrasqueira vigiando as carnes e cantando a sua felicidade incomum.
Mas quando vou à porta vejo que tudo não passou de um sonho/déjà vu bom.
É apenas mais um momento nostálgico da vida cujo um dia nublado e quente me fez voltar há uns bons anos atrás, quando meu sorriso tinha um motivo a mais!
Não importa o que digam, o que pensem de você pois sempre serás o melhor e insuperável.
Amo-te por ter feito do meu mundo o seu, ter zelado da minha vida, ter perdido anos por mim e por ter me amado tanto.
Meu bem se não posso te ter ao lado contento-me com os sonhos!

Como esquecer-te se te sinto tão perto?

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

One of my heroes

Cabelos brancos, olhos que brilhavam ao me ver, uma força incomparável, a imagem de um super herói mesmo que velhinho!
Não foi à toa que a primeira palavra que eu disse tenha sido pra ele, e tenha sido vovô.
Quando bebezinha, não saía do seu quartinho de chulé e não negava seus mimos!
Aprendi a sonhar grande, a sonhar com a medicina e ele foi um dos maiores influenciadores.
Fiquei longe muito tempo, mas toda vez que o via era uma das únicas a ter paciência com seus sermões quilométricos.
E talvez por isso que todos diziam seu amor especial por mim.
Me corta o coração saber que nesses últimos meses minha avó pegava ele me chamando, e ela perguntava a ele: "Que foi Chafic? Tá com saudade da Khawana?" E ele respondia que sim!

E agora eu me pergunto mais uma vez: Por que o amor se torna mais intenso e mais puro só depois que perdemos?

I MISS YOU MY BIG HERO, I BELIEVE THAT YOU FIND IN THE SKY!

Você deixou saudades

De repente vi minhas lágrimas caindo e molhando o travesseiro mais uma vez. Meu coração sentiu aquela mesma dor do dia 26/04/2006 mas agora no dia 10/10/2010. Que data! Aniversário da mamãe, e minha mãe já vinha dizendo que seria uma data histórica, e se foi!
Em partes sinto um alívio porque Deus colocou no meu coração uma certeza talvez nem tão certa, mas que é a única coisa que não me deixa sofrer tanto, a de salvação! Eu vinha pedindo tanto a Deus por isso e eu creio que minhas orações não foram vãs!
Meus olhos, minha mente, meu corpo choram a dor de mais uma perda, uma perda que poderia ter sido adiada, pelo menos era o que eu queria!
A imagem que eu sempre tive dele era a de um homem forte, robusto que nunca se deixava abater por nada, nem mesmo por um câncer que já tinha tomado todo o seu corpo!
Mas Deus me deu um presente muito grande, o de ter ido em março para Londrina. Mesmo que eu não tenha me agradado da forma em que o vi, deitado numa maca, internado sem forças pra sentar!
E eu não esqueço daqueles olhos brilhantes, tão brilhantes quanto diamantes, quando me viram entrando lá onde estava, ele se levantou e se sentou sozinho, mesmo que TUDO estivesse doendo, pra não deixar-me ver seu sofrimento. Fez piada, reparou na aliança no meu dedo, segurou a minha mão e me disse com os olhos cheios de lágrimas que assim como ele estava vendo a minha prima no internato lá no hospital universitário, ele também me veria!
Todo mundo que me conhece sabe, que sempre quando se fala em passar pra medicina eu cito meu avô, e sempre dizia o quanto ele ficaria orgulhoso se eu passasse pra UEL. Eu nunca deixei de sonhar com isso, porque nunca foi um sonho só meu, mas dele, do meu pai, da minha mãe, dos meus irmãos e da minha avó!
E mesmo que não seja na UEL, eu vou conseguir, e agora mais do que nunca eu quero realizar esse nosso sonho e se eu vier a discursar nunca deixarei de citar vocês vovô e papai, meus grandes heróis!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Apenas mais um desesperado

Todos começam a contar sua história pela parte menos triste, pela infância, mas este não foi o meu caso pois já nasci excluído e odiado, nem ao menos pude sentir o doce sabor do leite materno, fui logo lançado aos ratos e à imundice.
Me acharam e abrigaram-me num lar de crianças que assim como eu foram feitas não por acaso, mas odiadas por acaso, acaso este que nunca entendi.
Logo que descobri que aquelas crianças não eram meus irmãos, ou que aquela moça, de traços finos e um brilho no olhar incomparável que me punha para dormir todas as noites ao som das mais belas melodias interpretadas estupidamente bem por sua voz, não era minha mãe resolvi sumir dali. Neguei meus supostos irmãos, o pão de cada dia, as refeições tão bem feitas pela tia Nicinha, e, abracei um novo mundo.
Saí de lá com a certeza de que os olhos do meu país estariam sobre mim, mal sabia que realmente estariam.
Me perguntavam sempre quem era o meu pai, naquela época a filiação era de suma importância, e então eu respondia com todo o orgulho do mundo: "Meu senhor, sou eu filho do Brasil"; alguns de certo riam, porém outros confundiam-me com o filho de um senhor de idade que teve seu maior castigo recebendo o nome de Brasil.
Esqueci de relatar que minha casa era uma velha e abandonada estação ferroviária, minhas roupas, conseguia-nas nos varais mal vigiados e a comida, cada dia conseguia de uma forma diferente.
Foi assim que sobrevivi bem vestido, trabalhando e comendo direitiho até os meus treze anos de idade, quando descobriram quem eu era, então tive que fugir e me arriscar em outro vilarejo.
Lá não havia nenhum Brasil para eu me filiar senão o meu país, que descobri ouvindo a conversa de alguns senhores, na porta de um bar, que era este um país cujo se envergonhavam profundamente.
Mal sucedido na filiação, encontrei-me mais uma vez excluído e odiado. Conhecido como o moço sem família ou o ladrãozinho de varais, conheci em mim um lado cujo nunca imaginei que existisse, um lado revoltado e ruim que me fazia odiar a mim mesmo.
Realmente, passei a ser um ladrão, maníaco, alguém que eu não conseguia controlar. Fiquei feio, mal vestido e com a pior filiação.
Fiz todo o contingente de atos errôneos existentes portanto não foi longa essa minha vida, pois logo, os empregados do meu pai me puniram, espancaram e me deixaram aqui nesta casa onde vivo há oito anos já, cercado de pessoas que assim como eu descobriram seu outro lado. Alguns deixaram alguém lá fora à sua espera, mas ainda há alguns que como eu, não enxerga vida além das grades de uma cela enferrujada e mal cuidada pelos empregados do meu pai.
Aprendi a conviver com pessoas piores do que eu e passei a aceitar as características que atribuíram a mim, assim como a de um louco desesperado que escreve suas cartas para um pai que nunca as lerá, ou, que nunca existiu.
Prazer, sou mais um desesperado e filho do Brasil.